terça-feira, 21 de julho de 2009

Break on Père-Lachaise [1966-71]


Era uma carta endereçada a Robert Hardt. Uma carta que ele encontrou na fresta embaixo da porta da sala. Não havia remetente. Rob abriu o envelope e leu: “S. F., Califórnia – 17 de setembro, 1966. Olá! Rob Hardt, como vai? Aqui a gente já se despede do verão dia após dia. Estou feliz, acabei de conseguir uma fita-cassete com o ensaio da banda The Psychedelic Ranger, com o baterista John P. Densmore na bateria. Agora ele está tocando em outra banda, chamada The Doors. Os caras se inspiraram em Aldous Huxley e suas “Portas da Percepção”, mas também em William Blake: ‘If the doors of perception were cleaned, everything would appear to man as it trully is, infinite’. Tenho usado mescalina, as experiências tem sido ótimas. No ano que vem você vai conhecer o primeiro álbum dos Doors, com duas músicas muito legais: Light My Fire e Break On The Through. Até a vista, J. Lloyd”.
Lógico que, no momento em que leu essa carta, Rob imediatamente se recordou do seu amigo Lloyd que tinha fugido de Boston rumo ao oeste norte-americano, desde que soube que seria recrutado para o Vietnã. Agora, no entanto, Rob se lembrava desta carta por outro motivo, por causa de outra coisa. Lembrava-se que foi nesta carta a primeira vez que ouviu falar de The Doors. Era julho de 1971, véspera de Independence Day, quando Jim Morrisson tinha sido encontrado morto numa banheira, em Paris, e enterrado no cemitério Père-Lachaise, um pouco antes de seu sangue ser drenado pelo mercado mundial ao chegar a vender cerca de três milhões de discos por ano.

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